domingo, 25 de setembro de 2011

Vila Franca de Xira vai reduzir iluminação pública para poupar electricidade


O jornal "O Mirante" publicou no passado dia 22 Set 2011, uma notícia que anunciava (abaixo transcrita), a redução da iluminação pública no concelho.

A confirmar-se, como parece pelos declarações da presidente de câmara, se por um lado esta medida poderá ter alguma lógica e justificação racional, casos em que a iluminação pública é manifestamente excessiva ou sem interesse (p.e. fachadas de edifícios públicos), por outro, as reduções poderão levar a situações de insegurança que importa evitar.

Este tipo de medidas e outras do género (quebra na qualidade ou quantidade de bens e serviços públicos)certamente não ficarão por aqui face ao agudizar da crise dos cortes.

Vai a propósito deste tema o artigo e discussão que aqui trouxemos, intitulado Estagnação ou Retrocesso?, sobre as reduções drásticas de bens e serviços públicos também elas observadas em função dos necessários ajustamentos orçamentais drásticos, de programas de austeridade conduzidos para colocar as coisas nos eixos. Certo é que, em nome da estabilidade económica e do crescimento económico, alguns destes cortes implicam retrocesso em termos de desenvolvimento.

Mais do que cortar é preciso gerir e gastar bem aquilo que é público agora e no futuro, já que relativamente ao passado nada podemos fazer!

Artigo d' O Mirante:

«As luzes de alguns edifícios públicos vão passar a ser desligadas durante a noite no concelho de Vila Franca de Xira e a iluminação das ruas também vai ser reduzida para que o município possa poupar na conta da electricidade. Se o IVA que incide sobre a electricidade subir de seis para 23 por cento a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira pagará mais meio milhão de euros por ano na factura da luz que passa assim de dois milhões para dois milhões e meio. A presidente, Maria da Luz Rosinha, está por isso empenhada em “reduzir drasticamente” os gastos.

A insegurança que poderá ser potenciada pela falta de iluminação não preocupa Maria da Luz Rosinha. “Os edifícios públicos têm alarmes e ligação às forças de segurança e outros têm mesmo seguranças”, sublinha lembrando que alguns municípios já tomaram decisões neste sentido.»

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Esgotos de mais de 50 mil habitantes do concelho de Vila Franca continuam a ir sem tratamento para o Tejo

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As três freguesias do sul do concelho de Vila Franca de Xira ainda não estão ligadas à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alverca e por isso os esgotos de mais de um terço da população do concelho continuam a ser escoados directamente para o Tejo sem qualquer tratamento. Uma das estações elevatórias já está a ser construída e ligará no próximo ano os esgotos do Forte da Casa e de Vialonga à ETAR de Alverca. A estação elevatória da Póvoa de Santa Iria ainda está em projecto.

Os esgotos de mais de 50 mil habitantes do sul do concelho de Vila Franca de Xira, mais de um terço da população do município, continuam a correr para o rio Tejo sem qualquer tratamento. Só em 2012 deverá estar concluída a ligação do sistema de saneamento básico da Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa e Vialonga à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alverca, responsabilidade da empresa intermunicipal Simtejo, que permitirá tratar os resíduos antes de os lançar ao rio.

Na Póvoa de Santa Iria o cenário está bem à vista para quem quiser espreitar o cais da aldeia de pescadores avieiros. O cheiro é nauseabundo e da boca do esgoto sai uma água escura. A construção da estação elevatória Avieiros, na Póvoa de Santa Iria, que vai permitir bombear a água para chegar à ETAR de Alverca, ainda está em projecto, mas a da Icesa, que abrange a Quinta da Piedade, Vialonga e Forte da Casa, já está em construção e prevê-se que entre em funcionamento no próximo ano. “A ETAR de Alverca está prevista para servir uma população de 154 mil habitantes, mas neste momento ainda está entre 12 a 15 por cento da sua capacidade”, explica a engenheira responsável pela ETAR de Alverca, Catarina Pécurto.

Numa visita guiada às instalações da ETAR de Alverca, que decorreu na manhã de sábado, 20 de Agosto, a engenheira aproveitou ainda para revelar que continuam a existir muitas descargas ilegais efectuadas por indústrias localizadas no concelho de Vila Franca de Xira, o que contribui para a poluição do meio ambiente.

Há pouco mais de um mês uma descarga ilegal deixou a ETAR de Alverca a funcionar a meio gás, sendo obrigada a deitar na ribeira da Verdelha, na Verdelha de Baixo, a água tratada que não cumpria com os requisitos exigidos pela lei. Sempre que alguma indústria faz uma descarga ilegal coloca em risco o funcionamento de uma ETAR ao matar todos os microrganismos (ver caixa) que são essenciais para tratar as águas residuais. “Temos aqui muitas indústrias e esta é uma situação que infelizmente acontece com alguma frequência”, confessa Catarina Pécurto.

Para a ETAR voltar a funcionar em pleno foi necessário esperar três semanas. “Depois desta água poluída nos matar todos os microrganismos somos obrigados a continuar a encaminhar a água tratada que não cumpre os requisitos exigidos para a ribeira mas todas as entidades responsáveis são colocadas a corrente da situação”, explica. Numa ETAR existem dificuldades em controlar a qualidade dos esgotos que são lançados pelas indústrias na rede municipal.

A ETAR de Alverca, localizada na área adjacente à antiga salina de Alverca, na margem direita do rio Tejo e numa zona próxima aos caminhos-de-ferro, entrou em funcionamento em Dezembro de 2010 e teve um custo de 18,5 milhões de euros. Está pensada para servir 154 mil habitantes. O investimento total de todo o centro operacional de Alverca está avaliado em 33 milhões de euros.

Recorde-se que a construção da ETAR de Alverca esteve envolta em alguma polémica por ter sido construída num espaço que é considerado uma das mais importantes zonas húmidas e de nidificação de aves da margem direita do Tejo.

O MIRANTE contactou a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira para obter mais esclarecimento sobre o assunto mas até ao fecho desta edição não obteve qualquer resposta.

O que faz uma ETAR?

Uma ETAR trata as águas residuais de origem doméstica e industrial que depois são encaminhadas para mar ou rio. Em Alverca, onde a ETAR está a funcionar apenas entre 12 a 15 por cento da capacidade, essas águas são encaminhadas para a ribeira da Verdelha, na Verdelha de Baixo, perto do Forte da Casa, não representando qualquer risco para o ambiente, fauna ou flora. Os sólidos retidos vão para o aterro sanitário do Mato da Cruz, próximo de Arcena, freguesia de Alverca.

Existem vários passos no tratamento das águas que provêm das nossas casas e das indústrias. Mal as águas entram numa ETAR, os sólidos são os primeiros elementos a ser retidos. “Encontramos de tudo, desde pensos higiénicos, a fraldas ou rolos de papel”, explica Catarino Pécurto. Depois são removidas as areias e por fim as gorduras.

Nesta fase de tratamento a matéria orgânica poluente que se encontra na água é consumida por microrganismos nos chamados reactores biológicos que normalmente são constituídos por tanques. “Os microrganismos são a nossa maior preocupação. É a fase mais complicada, precisamos de estar constantemente a controlá-los”.

As descargas ilegais podem chegar a matar todos os microrganismos de uma ETAR, como aconteceu em final de Julho em Alverca. Posteriormente os microrganismos são removidos. Por fim o efluente é sujeito a um tratamento físico-químico. “Uma ETAR é como uma fábrica, recebe a água suja e envia a água limpa”, exemplifica Catarina Pécurto. A ETAR de Alverca possui ainda um sistema de desodorização que permite manter o cheiro dentro de limites controláveis.

No concelho de Vila Franca de Xira apenas existem duas ETAR grandes, uma em Alverca e outra em Vila Franca de Xira, e cinco subsistemas rurais que tratam quantidades reduzidas de águas residuais. Neste momento estão construídas as estações elevatórias da Verdelha, Drogas, Adarse e Sobralinho. Esta última ainda não entrou em funcionamento.

Fonte: http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=510&id=77029&idSeccao=8375&Action=noticia