domingo, 28 de setembro de 2014

Economia Cívica

 
«Portugal cria primeiro fundo para a economia cívica num total de 150 milhões
 
Poiares Maduro quer a sociedade civil a trabalhar em conjunto com as entidades públicas e privadas, como já acontece em Londres
 
Portugal vai ser o primeiro país a criar um fundo de 150 milhões de euros para a economia cívica, em linha com a política de Bruxelas para o quadro comunitário 2014-2020. O projecto, anunciado ontem pelo ministro Poiares Maduro durante a conferência "Estratégia para a Economia Cívica em Portugal, um marco para a Europa", procura responder à recessão económica com investimentos em projectos de inovação e empreendedorismo, nomeadamente na área social, que envolvem toda a sociedade e alinham os interesses públicos com os privados.
 
Indy Johar e Filippo Addarii, da Solve London, explicaram o conceito desta nova economia através de exemplos concretos: na capital de Inglaterra, uma associação de proprietários investiu no up-grade das casas para reduzir o consumo de energia. O projecto foi apoiado pela plataforma e, cinco anos depois, houve redução de custos, não só em termos energéticos como noutras áreas, incluindo a saúde, uma vez que as idas ao médico e aos hospitais caíram a pique nessa zona.
 
"A ideia é que estes projectos não sejam uma obrigação, mas sim uma decisão dos cidadãos, que agem em colaboração com as entidades públicas, nomeadamente as locais", explicou Indy Johar, fundador da Solve London, ao i. Outro exemplo: a remoção dos lixos das ruas. A Solve London fez uma experiência que passou por pagar um fee pela menor produção de resíduos urbanos e, mais uma vez, teve bons resultados, com maior separação dos lixos e menos produção. "Num mundo em que os governos são responsáveis pela prestação deste tipo de serviços, não são previsíveis os recursos que vão ter de usar, no futuro, com estas actividades. Logo, isso cria um espaço para a intervenção da economia cívica, que pode vir a diminuir substancialmente a factura nos próximos anos."
 
Inglaterra tem vindo a investir na economia cívica nos últimos 15 anos, em políticas defendidas quer pela direita quer pela esquerda. "Ainda me surpreende a visibilidade dada a este tema", disse Filippo Addarii, que trocou a Itália por Inglaterra para melhor poder trabalhar nesta área. "Ainda no domingo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, esteve a falar da importância deste novo comportamento, que promove o sentido cívico das pessoas e as leva a associarem-se com as entidades públicas e privadas, e o 'The Times' levou o assunto à primeira página."
 
Para Indy Johar, um dos oradores da conferência de ontem, "estamos a entrar numa era em que a inovação social e cívica será uma força motriz do crescimento regional e da resiliência. O mercado de investimento social é um sector em crescimento no Reino Unido. Em 2013 valia cerca de 140 milhões de euros e está projectado chegar aos mil milhões em 2016". Johar acrescentou que, "impulsionado pela criatividade, energia e movimentação de uma gama diversificada de empresários cívicos e empresas socialmente focadas, o seu poder é cada vez mais reconhecido ao nível político, quer no G8, quer na União Europeia, quer ainda ao nível dos governos nacionais e locais. Estamos a assistir cada vez mais a investimentos estratégicos direccionados para uma série de novos públicos e nichos de mercado, através de iniciativas financiadas por filantropos privados, como a que envolveu uma doação de 703 milhões de euros ao Big Capital Social, ou os 117 milhões aplicados no Fundo Europeu de Investimento, para só citar alguns casos".
 
O novo Papa tem sido um dos mais acérrimos defensores desta nova economia, muito mais próxima das pessoas e que visa responder a problemas concretos do dia-a-dia das populações, como o apoio aos mais idosos ou a populações carenciadas, através de estruturas inovadoras que funcionam à margem do Estado, mas com o apoio e colaboração de entidades públicas e privadas.
 
Na conferência de ontem participaram, para além de Indy Johar, Simon Willis, CEO da Young Foundation do Reino Unido e especialista em inovação no sector público; António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto; David Wood, director da Initiative for Responsible Investment da Universidade de Harvard; monsenhor Giampietro Dal Toso, secretário-geral do Cor Unum (Santa Sé) e coordenador de todas as organizações católicas no mundo; Mario Calderini, assessor do governo de Itália em inovação social e membro da task force do G8 sobre investimento com impacto social; e Maria da Graça Carvalho, assessora da BEPA (Comissão Europeia) que apresentou o novo relatório sobre inovação social da comissão.»
 
Fonte: artigo de Margarida Bon de Sousa, de 26 de setembro de 2014, publicada pelo Jornal i online, em http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/portugal-cria-primeiro-fundo-economia-civica-num-total-150-milhoes/pag/-1

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Jornadas Europeias do Património 2014 - "Património, sempre uma descoberta"

 
Terão lugar nos dias 26, 27 e 28 de setembro as Jornadas Europeias do Património 2014, este ano subordinadas ao tema Património, sempre uma descoberta. Com este tema pretende-se chamar a atenção para a permanente novidade que o Património Cultural encerra, sempre atualizado através de novo conhecimento, novos olhares e novas interpretações; de igual modo o enorme potencial do Património, construído ou imaterial, e a sua  importância determinante para um desenvolvimento harmonioso e equilibrado da sociedade, estão contidos neste tema.
 
Entre sexta-feira e domingo, a entrada nos museus, monumentos e palácios sob tutela da DGPC é gratuita para quem participe nas iniciativas das jornadas.
O objetivo principal das JEP e de outras iniciativas locais é a sensibilização dos cidadãos para a importância da proteção e usufruto do património.
A apresentação pública das JEP está marcada para as 18:00, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, com a presença do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e do diretor-geral do Património Cultural, Nuno Vassallo e Silva, que apresentarão o programa e os prémios do concurso de fotografia "Num Instante... o Património!".
 

Diálogo em sociedade. Cidadania 2.0


«Evento arranca esta sexta-feira para mostrar que as redes e ferramentas sociais podem melhorar o diálogo em sociedade e aumentar a participação dos cidadãos. O conceito é ilustrado com 10 projetos. 

No Brasil, qualquer cidadão pode consultar gratuitamente dados sobre as escolas brasileiras e acompanhar a evolução do ensino no país. Como? Através do
QEdu, uma plataforma online produzida em 2012 pela Fundação Lemann, que visa contribuir para a qualidade da aprendizagem dos alunos brasileiros, e pela Meritt Informação Educacional, que organiza, disponibiliza e permite a manipulação dos dados de cada aluno, turma ou escola.

O QEdu é um dos projetos que vai ser apresentado no primeiro dia do evento
Cidadania 2.0, que decorre esta sexta-feira e sábado, no Teatro Rivoli, no Porto. A iniciativa nasceu em 2010 pelas mãos de Ana Neves e Ana Silva. Vítor Silva, também da organização, aderiu em 2011. O evento, sem fins lucrativos, pretende inspirar, informar e impulsionar projetos que, através das redes e ferramentas sociais, dados abertos e aplicações móveis, promovam o diálogo em sociedade e a participação ativa dos cidadãos.

“Queremos mostrar às pessoas, não com teorias, mas com projetos concretos, que as redes e ferramentas sociais podem melhorar o diálogo e a participação dos cidadãos”, explicou Ana Neves ao Observador.

Um dos objetivos para a edição deste ano era aumentar o número de organizações não-governamentais (ONG) e instituições públicas inscritas no evento e, apesar de o número das primeiras ter mais que duplicado face ao ano passado, a quantidade de instituições do Estado presentes diminuiu.

“Um dos grandes entraves é o desconhecimento por parte da Administração Pública [do que são estes projetos], que pensam que a cidadania 2.0 é apenas colocar dados cá fora. Têm uma visão muito limitada do que é possível fazer e não exploram as possibilidades”, adianta Ana Neves.

Os promotores do QEdu foram convidados pela organização do evento para mostrarem o projeto brasileiro aos portugueses. Através dos filtros disponíveis na plataforma, qualquer cidadão pode comparar rendimentos entre instituições de ensino, municípios e estados vizinhos. “A principal meta educacional de um país deve ser garantir ensino de qualidade a todos os alunos. No QEdu, você fica a saber quantos alunos aprenderam aquilo que é adequado para cada etapa e consegue, assim, compreender melhor a educação no Brasil”, lê-se na página oficial.

Dez ideias para mostrar como se faz

O QEdu não é o único projeto a ser apresentado no primeiro dia do Cidadania 2.0. Além da plataforma online brasileira vão ser apresentadas mais nove ideias, que versam sobre áreas tão distintas como tecnologia, saúde ou educação. O que têm em comum? Todos utilizam redes sociais e dados abertos para passarem as suas mensagens.

Da Comissão Europeia, chega o projeto belga
Futurium, uma plataforma online lançada pela Direção-Geral de Redes de Comunicação, Conteúdo e Tecnologia do organismo europeu. Objetivo: facilitar uma reflexão ampla sobre as futuras políticas europeias, combinando o caráter informal das redes sociais com a abordagem metodológica das previsões para envolver as partes interessadas na criação de futuros e ideias políticas.

Quem quiser contribuir para esta reflexão, pode fazê-lo enquanto criativo ou pensador visionário, escrevendo um artigo, ensaio ou enviando uma sugestão. Também pode ser verificar conteúdos, porque cada “futuro” deve cumprir com padrões mínimos de qualidade no que diz respeito às mensagens e ao estilo linguístico. Partilhar as contribuições dos pensadores ou promover conversas são outras formas de difundir a mensagem.

“Futurium pretende ter disponível conteúdo visionário e intrigante, que pode ajudar a informar [os cidadãos] sobre as reflexões políticas. Não importa o quão longe no tempo é, [o conteúdo] tem de ser inspirador”, lê-se na página da iniciativa.

De Espanha, chega o
FlipOver, plataforma online que ajuda a identificar desafios sociais, desenhando soluções e intervindo. eSolidar, Adoeci, Sense My City, Popstar, Invasoras.pt, PSP no Facebook e Portal da Transparência Municipal são os sete projetos portugueses que serão apresentados nesta sexta-feira. O eSolidar é um ecossistema de solidariedade online para aumentar a sustentabilidade e visibilidade das organizações sem fins lucrativos, através da compra, venda e licitação de produtos.

O Adoeci é uma plataforma para a partilha de experiências entre pacientes que tenham sido diagnosticados com uma patologia e respetivos familiares. Objetivo: criar registos como contactos médicos, estados de humor, entre outros. O Sense My City é uma aplicação desenvolvida para smartphones, que regista o dia-a-dia dos utilizadores para avaliar situações como consumos de combustível ou níveis de stress.

No Popstars, há recolha, medição e agregação de opiniões políticas e económicas manifestadas no Twitter, blogosfera e notícias, para confrontar estes dados com indicadores mais convencionais de opinião pública. O projeto invasoras.pt alerta para o problema das invasões biológicas e dá a conhecer plantas invasoras a nível nacional.

Todos os cidadãos que quiserem saber quais são as receitas, despesas municipais ou a sustentabilidade financeira do seu município, podem aceder a essa informação no Portal de Transparência Municipal.»
 
Fonte: notícia de Ana Pimentel, publicada pelo Observador, dia 26/09/2014, em http://observador.pt/2014/09/26/dialogo-em-sociedade-cidadania-2-0-arranca-hoje/