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«No ano passado, mais de 100 mil pessoas limparam o país, de Norte a Sul, num só dia, 20 de Março. Por que não 200 mil em 2011? É este o repto que o núcleo dinamizador da campanha Limpar Portugal está agora a lançar aos portugueses.
O primeiro passo já foi dado pelo núcleo da campanha em Braga, que lançou o ontem o desafio através da Internet e de redes sociais. O dia escolhido este ano é 19 de Março. Em Braga, voluntários vão limpar os bosques do concelho. Não irão fazer o mesmo trabalho que no ano passado, quando grande parte do esforço foi dirigido para remover entulhos. “Não continuaremos a fazer o serviço que cabe às autoridades fazer”, afirma Paulo Pimentel Torres, um dos líderes da campanha. Este ano, será uma actividade “soft e educativa”, concentrada nos plásticos, vidros, colchões, móveis e outros objectos que continuam a ser abandonados um pouco por todo o lado.
O chamamento dos organizadores é descomprometido. Eles vão limpar o seu concelho. “Desafia-se outros a que o também façam na sua terra. Quem sabe se afinal iremos 200.000”, lê-se na mensagem que está a ser enviada a milhares de portugueses.
“É mais um repto do que uma organização”, explica Paulo Torres. “As pessoas, localmente, já sabem como fazer”. No concelho de Arouca, já há adesões.
Lançada no ano passado por um pequeno grupo de pessoas, a iniciativa Limpar Portugal transformou-se numa das maiores mobilizações colectivas em torno de uma causa ambiental no país. Dezenas de autarquias, empresas e outras instituições associaram-se à campanha, na qual mais de 100 mil pessoas recolheram pelo menos 50 mil toneladas de lixo um pouco por todo o país. O projecto foi apadrinhado pelo Presidente da República, que depois o mencionou no discurso do Dia de Portugal, a 10 de Junho. Cavaco Silva, ele próprio, juntou-se aos voluntários. A ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, outros governantes, autarcas, empresários, artistas também puseram mãos à obra. A campanha foi recentemente galardoada com o prémio Green Project Awards 2010.
Todo o trabalho foi organizado com uma estrutura informal, sem estatutos e sem dinheiro. Os apoios foram em espécie ou em serviços. O mesmo modelo será seguido este ano. Paulo Torres acredita até que, com a experiência obtida no ano passado, será necessário ainda menos coordenação. “Vai ser ainda mais amador do que no ano passado”, ironiza.
Em Braga, segundo Paulo Torres, algumas lixeiras eliminadas no ano passado voltaram a florescer e terão de ser novamente limpas. Mas, no cômputo geral, a iniciativa alertou as autoridades para situações que estavam a ser negligenciadas. “O lixo que temos em Braga agora não tem comparação com o que havia no ano passado”, diz Paulo Torres.»
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