Depois dos casos registados no Calhandriz e Forte da Casa, onde a gestão da piscina já passou de mãos mais do que uma vez, é chegada a vez da piscina de Alhandra estar em risco de fechar. Neste caso trata-se da gestão por parte de uma instituição privada, o “Alhandra Sporting Club”, que alegadamente terá dificuldade em fazer face às despesas em virtude de uma acentuada quebra de receitas.
Recordamos que no caso do Forte da Casa, a inviabilidade da piscina foi declarada nos primeiros dias após a sua inauguração. Depois de estar sob gestão da autarquia, foi temporariamente gerida e explorada pelo instituto de Apoio à Comunidade, que acabou por devolver a exploração ao município.
Se há infeliz virtude que os tempos de crise trazem ao de cima são as questões relacionadas com as más escolhas, com as más decisões públicas. Muitas vezes essas más escolhas começam desde logo com o modo como o processo de decisão é conduzido.
Sabemos que um processo de decisão saudável, fundamentalmente nos casos estruturantes e onde o investimento é mais profundo, é aquele em que se buscam diferentes alternativas, para depois serem comparadas entre si, onde se realizam previamente estudos de custo-benefício, de análise de impactos vários, de viabilidade económica e financeira e onde as decisões são tomadas após devida análise dos seus resultados e da auscultação pública e discussão política intensa entre os vários atores.
Um dos principais perigos deste processo, passa pela cedência e captura por parte do poder político por interesses próprios e circunscritos de partes da população, que ainda que tenham legitimidade na revindicação ou na necessidade identificada, estes podem não encontrar fundamento, ou se preferirmos racionalidade, que justifique o concretizar do investimento ou de o modo como ele é solicitado/apresentado.
Por exemplo, como fortense, vejo com bons olhos a partilha de uma piscina com a freguesia de Vialonga, uma infraestrutura que, entenda-se, seria de ambas as freguesias a localizar numa zona de fronteira e de acesso facilitado a ambas as populações.
Ao enveredar por uma solução deste tipo a autarquia estaria a satisfazer um conjunto de necessidades mais alargadas, evitaria a construção de duas infraestruturas (dado o natural e justificado anseio da população de Vialonga de dispor de uma unidade equivalente à das demais freguesias), aumentaria viabilidade do espaço e em termos globais alcançaria um melhor compromisso custo-benefício, de eficácia e eficiência em termos de utilização dos recursos materiais e financeiros.
Jorge Portijo