terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A busca da poupança, da eficiência e inovação: a experiência inglesa contada ao Público


Notícia do Jornal Público avança que "ingleses dão receita para futuro das cidades: poupança, eficiência e inovação" (16.01.2012 - 16:45, Por Carlos Filipe, Público online).

«Autarcas ingleses, do partido conservador, governam o município de Basildon com uma agenda de mudança. Andam a poupar no orçamento e vieram a Lisboa com vontade de trocar experiências e tentar alguns negócios "inteligentes e inovadores". Foram convidados pela embaixadora do Reino Unido em Portugal, Jill Gallard, e encontraram-se com homólogos portugueses e com o secretário de Estado da Administração Local. Em Évora dizem ter visto um projecto inteligente e interessante (InovCity) relacionado com a eficiência energétrica nas habitações. Em Lisboa falaram com António Costa e deixaram Macário Correia algo desiludido.

Tony Ball é o líder do município. "O nosso programa de transformação assenta na procura de mais eficiência na administração local, mais competência e poupança. Em suma, fazer mais por menos, até com a alteração da periodicidade do corte da relva nas cidades. Mas queremos ir mais longe, trabalhar com as comunidades e empresas, e com isso criar emprego. Julgo que em Portugal se faz o mesmo, na medida em que o dinheiro com origem no Governo vai sendo reduzido, como em Inglaterra. Teremos que liderar, mas dando a mão à comunidade e procurando novas oportunidades de crescimento."

Sede de distrito do condado de Essex, Basildon tem pouco mais de 170 mil habitantes, um terço dos quais com emprego no corredor industrial que conduz a Londres, de que dista 40 quilómetros. É um concelho jovem, onde foi fundada a banda Depeche Mode, e desenvolveu-se a partir do final da II Grande Guerra para acolher os desalojados dos bombardeamentos aéreos alemães.

O plano local é de combate à curva descendente da economia e centra-se na transformação dos modos de viver e de fazer, contra a recessão, a pensar no regresso à prosperidade. Os autarcas da cidade dizem que estão a ser bem sucedidos.

"Basildon é o maior empregador a Leste de Londres e estamos determinados a garantir o emprego. Há vários anos que mantemos relações estreitas com várias grandes empresas, seja a Ford, a Selex [electrónica], ou a Fiat, garantindo que algumas pessoas trabalhem a partir de casa, ou melhorando competências de outras. Mas a situação económica obrigou a que melhorássemos estas medidas", defende Tony Ball.

E é aqui que entram as poupanças. "O concelho tem poucas receitas. Provêm das dotações do orçamento da administração central, dos impostos locais, ou taxas municipais. Em Inglaterra, o Governo reduziu em 25% os fundos para a administração local, e nós não queremos fazer repercutir essa redução na população através do aumento de impostos ou taxas, pois isso prejudicaria famílias e negócios. Temos que fazer com que as pessoas guardem o dinheiro no bolso e o gastem localmente."

Um dos objectivos consiste em reduzir o pessoal do município, que actualmente absorve cerca de 80% por cento do orçamento. Para isso, insiste, a ideia é trabalhar de forma diferente. "Conseguimos no ano passado baixar os impostos aos nossos residentes", salienta o presidente do concelho municipal, que reconhece a necessidade de observar outras experiências, como a da rede inteligente de controlo de consumos energéticos que viu agora em Évora.

A pressão resulta

"Há seis anos tínhamos uma taxa de 22% de resíduos para reciclar, agora vamos em 50% e em alguns locais já conseguimos 60%. Antes, pagávamos a privados para nos tratarem os resíduos, agora são eles que nos pagam pelos produtos que vão reciclar, o que nos permite um encaixe de 1,5 milhões de libras [1,8 milhões de euros]", exemplifica Bala Mahendran, director executivo do município e responsável pelo programa de transformação.

Mas encontrar investimento é melhor do que poupar, sustenta Bala Mahendran. "No concelho discutimos como estava velha a nossa piscina de 50 metros, que teria que ser encerrada e demolida. Decidimos investir e construir uma vila desportiva, pois estamos apenas a meia hora da Aldeia Olímpica de Londres. Investimos 38 milhões de libras [45,6 milhões de euros] na nova piscina, que vai abrir a 28 de Abril. Será uma infra-estrutura de treino para os Jogos e nela vai estagiar e treinar a selecção japonesa, com possibilidade de poder atrair outras equipas."

Bala Mahendran vê o futuro negro, mas encontra nele oportunidades. "Queremos apoiar a economia local. Queremos prosperidade para as comunidades, que haja emprego e as pessoas possam simultaneamente viver, trabalhar e ter tempo para o lazer. Mas temos que oferecer serviços de qualidade, antecipando a mudança de ferramentas que será necessária. O futuro vai necessitar de mais reduções de despesas. Somos razoavelmente bem sucedidos porque sabemos o que queremos e exercemos liderança, temos um programa e encorajamos o pessoal a ser parte da solução.»

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