terça-feira, 31 de julho de 2012

Novo parque ribeirinho liga Alverca a Póvoa de Santa Iria

O novo parque ribeirinho entre Alverca à Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, terá seis quilómetros de extensão e permitirá aos utilizadores caminhar, andar de bicicleta, pescar e observar aves. O estudo prévio foi apresentado aos vereadores da Câmara de Vila Franca de Xira na última reunião do executivo. As obras inserem-se numa candidatura apresentada a fundos comunitários para requalificar a zona ribeirinha a sul do concelho.
O projecto assenta num conceito de estruturas verdes, ecológicas e de reaproveitamento dos caminhos existentes. A ideia é ligar a estação de comboios de Alverca à praia dos pescadores e ao futuro parque urbano da Póvoa de Santa Iria. Através de uma passagem superior pedonal será também possível o acesso a Forte da Casa. Ao todo, segundo Luís Ribeiro, arquitecto encarregado do estudo, estarão disponíveis 4,7 hectares e seis quilómetros de trilhos ao serviço da população. "Desde Janeiro que temos estado no terreno a preparar este estudo e temos sempre encontrado pessoas que já usam estes trilhos. É muito interessante", observou Luís Ribeiro.
Junto à praia dos pescadores está prevista a criação de um parque de merendas e uma zona de recreio e lazer. Um centro de interpretação da paisagem irá nascer num conjunto de contentores que actualmente se encontram abandonados no local. "Irão ser reciclados e no local deverá nascer também uma zona de apoio com cafetaria", avançou. Por se tratar de um estudo prévio o projecto não tem ainda um valor definido mas o que foi apresentado agradou aos eleitos municipais. Ainda este ano, recorde-se, o município apresentou também o estudo prévio do novo parque urbano da Póvoa de Santa Iria.
Fonte: http://www.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=&id=52772&idSeccao=479&Action=noticia

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Piscina que custou 600 mil só tem 5 utentes por dia


Com o objectivo de compensar as populações pelo funcionamento do Aterro Sanitário do Mato da Cruz e pelo trânsito diário de dezenas de camiões carregados de resíduos, a Valorsul pagou a construção de uma piscina junto à localidade de Calhandriz, no concelho de Vila Franca de Xira. O complexo foi inaugurado em 2002 mas, passados 10 anos, só funciona nos três meses de Verão, com água fria e, segundo a Câmara de Vila Franca de Xira, com uma média de 5! utentes diários.

Neste projecto foram gastos cerca de 600 mil euros e, a escassa afluência que foi registando ao longo dos anos, levou a que os autarcas locais se interrogassem repetidas vezes sobre o “acerto” da decisão de fazer ali uma piscina coberta. A obra foi feita num extremo do território da freguesia de Alverca, a uma centena de metros da aldeia de Calhandriz e a cerca de 6 quilómetros da cidade alverquense. Como a freguesia de Calhandriz (onde se situa a maior parte do aterro instalado no final da década de 90 que serve cinco concelhos da região de Lisboa e 12 do Oeste) só tem cerca de 800 habitantes e a zona envolvente é pouco povoada, a piscina nunca conseguiu atrair muitos utentes.

Já no final do ano passado, o executivo camarário socialista decidiu propor o encerramento da Piscina de Calhandriz, considerando os prejuízos acumulados do seu funcionamento. A proposta foi aprovada, com o compromisso de que a piscina funcionará apenas nos três meses de Verão, com água à temperatura ambiente, sem recurso ao sistema de aquecimento. Segundo Fernando Paulo Ferreira, vereador com o pelouro da gestão dos equipamentos municipais, esta medida permitirá poupar cerca de 90 mil euros anuais de despesas associadas ao funcionamento desta piscina.

Agora, a Piscina de Calhandriz reabriu, temporariamente, mas os hábitos de utilização tornaram-se ainda mais escassos. “O investimento foi feito para que a piscina funcionasse em pleno durante todo o ano, foi para isso que foi aprovado”, disse Bernardino Lima, vereador da CDU, na última reunião camarária, realizada exactamente no lugar de Calhandriz, lamentando que o executivo PS tenha optado pela “solução mais fácil de encerrar e retirar a esta freguesia um dos poucos equipamentos que tem”.
“Neste momento, a Piscina da Calhandriz tem uma média de 5 utilizadores diários”, refere, por seu turno, a presidente da Câmara Maria da Luz Rosinha, reconhecendo que esta piscina “fica muito cara”.

Saiba mais na edição de 18 de Junho do Voz Ribatejana

Nota de Imprensa - Projecto de licenciamento nas salinas de Alverca


Localização IBA ameaçada

Mais uma vez, no concelho de Vila Franca de Xira, parece estar a preparar-se uma ofensiva nefasta sobre uma área que deveria estar ao abrigo de qualquer tentativa de agressão ambiental.

As salinas de Alverca, uma área onde habitualmente reside uma diversidade de espécies de aves, com uma importância tal que ostenta a classificação de IBA (Area importante para as Aves), encontra-se hoje ameaçada com o prenúncio de um projecto de instalação de um núcleo logístico, de determinado grupo económico ao abrigo de um compromisso com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. O licenciamento de tal projecto destrói uma biodiversidade e um potencial turístico que urge preservar.

No actual PDM, a área é considerada estrutura ecológica urbana e não deixa de ser no mínimo estranho que a autarquia, venha dar o dito por não dito e pretenda agora desafectar a área daquela classificação.

A pretexto do contributo que tal projecto poderá eventualmente traduzir em desenvolvimento económico para o concelho, atropela-se o que é considerado importante preservar ambientalmente.

Se o desenvolvimento económico é importante, não é menos a sustentabilidade ambiental no quadro de um ordenamento territorial que no presente e no futuro assegure qualidade de vida aos cidadãos contribuintes que são postos à margem de decisões que a todos afecta, menos aos que sem qualquer esforço de análise e preocupação quanto a alternativas menos penalizadoras, pretendem passar por cima da própria legislação.

No passado, diversas organizações ambientalistas e cidadãos anónimos desenvolveram esforços para preservar aquela área e mantê-la protegida e não é lícito que se pretenda agora nos gabinetes autárquicos passar por cima de compromissos anteriormente assumidos.
Porque razão para uns o compromisso é válido e para outros não?

A Associação Cívica “Os Amigos do Forte” manifesta publicamente a sua preocupação sobre mais esta ameaça que se pretende levar por diante e voltaremos ao assunto assim que dispusermos de mais pormenores sobre esta questão, manifestando desde já para conjuntamente com outras organizações e concidadãos que ponham em causa esta acção da Câmara, desenvolver todos os esforços com vista a travar este atentado.

Associação Cívica “Os Amigos do Forte”

Julho de 2012

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O filme «as Linhas de Wellington» vai ao Festival de Veneza



O filme «as Linhas de Wellington» vai concorrer no Festival de Veneza, que decorrerá entre 29 de agosto e 8 de setembro 8th September 2012 (http://www.labiennale.org/en/cinema/festival/)

Deixamos aqui duas notícias publicadas sobre o tema, que vêm adiantar mais pormenores.

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«As Linhas de Wellington» está na competição oficial do Festival de Veneza

Uma «Guerra e Paz» à portuguesa» foi como o produtor Paulo Branco descreveu «As Linhas de Wellington», sobre as invasões francesas em Portugal, com interpretações de Soraia Chaves, Nuno Lopes, Albano Jerónimo e John Malkovich.
O filme português «As Linhas de Wellington», sobre a terceira invasão dos franceses a Portugal, está na competição oficial do Festival de Cinema de Veneza. Paulo Branco, o produtor, sublinhou hoje à imprensa que o reconhecimento é ««extremamente importante para a cinematografia portuguesa, porque as presenças [nacionais] em grandes festivais internacionais em competição são raras, tirando a excepção de dois ou três grandes realizadores, como Manoel de Oliveira, João César Monteiro e pouco mais».
Aliás o filme «O Gebo e a Sombra», de Manoel de Oliveira, também terá estreia em Veneza mas fora de competição, o que motivou Branco, que produziu vários filmes do decano dos cineastas, a afirmar que «queria mandar um grande abraço ao Manoel, que foi lá nove vezes comigo e, felizmente, continua a ir lá sem mim. E espero encontrá-lo lá».

«As Linhas de Wellington», que chegou a ter o entretanto falecido Raúl Ruiz como realizador, foi assinado por Valeria Sarmiento, viúva do cineasta chileno, e é protagonizado por um elenco vasto, que conta com nomes como Soraia Chaves, Nuno Lopes, Albano Jerónimo, Joana de Verona, Afonso Pimentel e Marcello Urghege, além de figuras internacionais como John Malkovich, Catherine Deneuve, Isabelle Huppert ou Marisa Paredes.

A película, que envolve uma extensa reconstituição de época, é de um fulgor invulgar no panorama do cinema português, com o produtor a sublinhar que «talvez só o «Non ou a Vã Glória de Mandar» tenha sido tão exigente como este em termos de produção». «As Linhas de Wellington» tem um orçamento de quatro milhões e meio de euros, sendo o financiamento maioritariamente internacional, com um milhão e 200 mil euros de origem portuguesa.

O pano de fundo é histórico: Entre 1810 e 1811, o marechal francês Massena foi derrotado em Portugal pelo general Arthur Wellesley, duque de Wellington, que liderou um exército anglo-português e utilizou uma estratégia vitoriosa com base numa linha de fortificações que protegia Lisboa - as Linhas de Torres Vedras.
Segundo o produtor, «o projeto nasceu de uma conversa e um interesse da Câmara Municipal de Torres Vedras em comemorar o bicentenário da Linhas de Torres, através de um possível projecto audiovisual ou cinematográfico, que pudesse ser um documentário ou uma ficção. A partir daí, devido à riqueza histórica desse período na história portuguesa e na história europeia, e até a algum desconhecimento dessa história em termos nacionais, eu aceitei o desafio e pedi ao Carlos Saboga para escrever um guião».

O que Saboga entregou a Paulo Branco foi, segundo o próprio, «um dos melhores argumentos que li em toda a minha vida de produtor, e foi lido por vários realizadores internacionais que tiveram exatamente a mesma opinião que eu. O projecto, a partir daí, com um argumento desses, tornou-se mais fácil ser uma realidade».

Claro que ajudou muito o êxito internacional de «Mistérios de Lisboa», também produzido por Branco, e a presença do seu realizador, Raúl Ruiz, entretanto falecido: «por causa desse filme os financiamentos internacionais tornaram-se mais fáceis, porque lá fora acreditaram na qualidade que podíamos trazer a qualquer projeto filmado em Portugal, na qualidade dos nossos atores e das nossas equipas». A escolha de Valeria Sarmiento para o substituir não foi imediata: «havia várias hipóteses em cima da mesa mas eu achei que a pessoa que mais diretamente conhecia o projeto era ela. Eu já tinha produzido três filmes com a Valeria Sarmiento, era alguém que eu conhecia profundamente, e senti que a melhor escolha seria ela».

O facto de aquele período histórico não ser particularmente conhecido, nacional e internacionalmente, também entusiasmou os atores: Soraia Chaves sublinhou que «é uma parte da história de que nós não ouvimos falar muito na escola, parece-me que não é um episódio da história de que queiramos muito falar. Eu descobri as calamidades que se fizeram e que foram de certa forma escondidas. O projeto é fascinante também por isso, porque nos permite entrar em contacto com uma realidade que não nos estava próxima».

Um aspeto particularmente relevante é o facto de o filme ter sido acolhido pelo Ministério da Educação e, segundo a atriz Joana de Verona, «passar a ser matéria de estudo programático nas escolas, o que nos deixa orgulhosos de poder participar num projecto que é tão pedagógico».

Para Albano Jerónimo, na rodagem, «o mais difícil foram as condições climatéricas, porque foi muito, muito difícil, estava mesmo muito frio. Mas isso infuenciou também positivamente o resultado final, porque deu ao filme uma ambiência muito própria, porque o frio tornava presente um lado muito mais físico».
«As Linhas de Wellington» estreia em Portugal a 4 de outubro, e em França a 21 de novembro, em mais de 30 cidades. Haverá também uma série de televisão de três episódios intitulada «As Linhas de Torres», com os próprios atores portugueses a dobrarem as respetivas personagens em francês para exibição na televisão do hexágono.

Luís Salvado - 26-07-2012 14:00


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Portugueses em Veneza: O Gebo e a Sombra e As Linhas de Wellington

27.07.2012 - Vasco Cãmara 
 
Entre os 17 títulos a concurso no festival de cinema há filmes de Terrence Malick, Brillante Mendoza, Brian de Palma, Harmony Korine, Olivier Assayas, Kim Ki-Duk ou Takeshi Kitano
Duas produções portuguesas, O Gebo e a Sombra, de Manoel de Oliveira, e As Linhas de Wellington, de Valeria Sarmiento, estão seleccionados para o Festival de Veneza. O primeiro fora de concurso, o segundo em competição. As Linhas de Wellington é o filme que Raoul Ruiz não conseguiu concretizar antes da sua morte, em 2011, e que foi prosseguido pela companheira, a realizadora Valeria Sarmiento. Recria as invasões francesas em Portugal, no começo do século XIX, quando o general Arthur Wellesley, duque de Wellington, liderou um exército anglo-português e utilizou uma estratégia defensiva com base numa linha de fortificações que protegia Lisboa - as Linhas de Torres Vedras. Há um exército de intérpretes, por isso: John Malkovich, Marisa Paredes, Nuno Lopes, Carlotto Cota, Albano Jerónimo, Soraia Chaves, Maria João Bastos, Catherine Deneuve, Michel Piccoli, Mathieu Amalric. A produção é de Paulo Branco.
 
Durante a rodagem, Valeria Sarmiento, em declarações à Lusa, salientava a importância de "recordar, num momento difícil em que está a Europa, que ela foi construída a partir de muitas guerras." O filme de Oliveira, produção de O Som e a Fúria, dirige-se também ao presente a partir da forma como Raul Brandão, em 1923, retratava o pós-I Guerra na sociedade portuguesa, a pobreza, a honra, os sacrifícios. Do filme se diz já, em citações da imprensa internacional, ser um dos mais minimalistas do realizador, com a simplicidade dos grandes mestres. Cast: Michael Lonsdale, Claudia Cardinale, Jeanne Moreau, Leonor Silveira, Ricardo Trêpa, Luís Miguel Cintra. O filme estreará em Portugal, pela Lusomundo, a 27 de Setembro. Em França terá a sua estreia a 19 de Setembro.
 
Festival de Veneza, de 9 de Agosto a 8 de Setembro. A abrir, fora de concurso, The Reluctant Fundamentalist, da realizadora Mira Nair, que em 2001 venceu o Leão de Ouro com Monsoon Wedding. Um jovem paquistanês tenta vencer em Wall Street e as suas aspirações são apanhadas por dilemas morais e políticos. Um filme em cenário de fundamentalismos, "para pensar", segundo o director da mostra, Alberto Barbera. Deve ser isso o programa de um "filme de abertura": trazer tema(s).
 
E depois desfilarão 17 filmes em concurso, assim se concretizando a tal edição mais sóbria e com menos filmes com que o novo director, que sucede a Marco Müller, tenta aguentar um festival em tempos de crise. Obras de Olivier Assayas (Après Mai, ou seja, depois de Maio de 68), os italianos Marco Bellochio, Daniele Ciprì e Francesca Comencini, os americanos Brian de Palma (Passion, thriller erótico muito à la Mulholland Drive), Harmony Korine (Spring Breakers) e Terrence Malick (To the Wonder) ou os asiáticos Kim Ki-Duk (Pieta), Takeshi Kitano (Outrage Beyond, a continuação de Outrage, que ainda não estreou em Portugal) e Brillante Mendoza, que num ano apresenta dois filmes em festivais: Captive em Berlim, e agora Thy Womb - tal como em 2009, com Kinatay em Cannes e Lola em Veneza, naquele que foi um momento decisivo para a implantação internacional do filipino. É no Lido que veremos também o segundo tomo da trilogia Paradies do austríaco Ulrich Seidl. Depois de Amor, visto em Cannes, seguindo o despertar sexual de uma cinquentenária nas praias do Quénia, a . Em Berlim será tempo de Esperança.
 
Fora de concurso, para além de Oliveira e do filme de abertura: um documentário de Spike Lee na comemoração dos 25 anos de Bad, de Michael Jackson (Spike, recorde-se, realizou para o Rei da Pop o clip de They Don"t Care about Us); The Company you Keep, de Robert Redford; ou Witness: Libya, de Michael Mann, episódio de uma série da HBO, de que Mann é produtor, sobre a actividade de fotógrafos em cenários de guerra. Mann presidirá ao júri da competição desta 69.ª edição.
 
Valerá a pena a aventura pela secção Horizontes, dedicada a uma vertente exploratória - é aí que está Three Sisters, de Wang Bing -, e pela secção que apresentará clássicos restaurados, como Fanny e Alexander de Ingmar Bergman ou os 219 minutos de As Portas do Céu, de Michael Cimino, o tal filme cujo fracasso - e má reputação do realizador - deu o golpe de misericórdia no sonho de uma geração que ficou conhecida como a dos movie brats.

Fonte: http://ipsilon.publico.pt/Cinema/texto.aspx?id=308324



 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Um olhar sobre "O Forte da Casa e o seu centro interpretativo "


Cá está uma opinião deixada deixada na blogoesfera por um amante do património e de viagens de descoberta pura, sobre a boa surpresa de se ter cruzado com o Forte da Casa e com o património ligado às linhas torres e, por outro lado, a má impressão com que ficou da forma como espaço foi concebido, é gerido e a informação que deveria oferecer mas não oferece aos visitantes.

Para lá apontar limitações do espaço e falhas dos equipamentos e serviço público que alegadamente deveria ali servido, com base nas nessas limitações e na pobreza que as autarquias insistem em oferecer aquele espaço (sabe-se lá com que intenção; talvez queiram justificar o fecho) é a determinada altura uma questão importante e que não deve ser ignorada: «para que serve o Centro Interpretativo do Forte da Casa?».

Mas o blogger Rui Franco não fica apenas pela pergunta, dá mesmo a resposta e nós não podemos deixar de a subscrever:  «Se se faz um centro interpretativo, ele tem de ser uma mais valia para o visitante e não somente uma acumulação de pequenos nadas que acabam por passar uma imagem frustrante para quem lá vai».

A negrito destacamos algumas das passagens mais importantes.

Um post ao cuidado da Câmara Municipal de Vila Franca de  Xira e da Junta de Freguesia do Forte da Casa (tendo em conta o protocolo celebrado com a primeira entidade).

Pena que este comentário não posso ter ficado depositado numa caixa dedicada esse fim no centro interpretativo. Deixamos a sua transcrição na integra: 

«Eu nunca tinha ouvido falar do Forte da Casa. Já tinha passado várias vezes junto de Forte da Casa mas, por qualquer razão, nunca tinha associado o nome da localidade à existência de uma fortificação. Talvez porque o aspeto absolutamente desinteressante daquilo que se vê da estrada nunca tenha despertado a minha imaginação para a hipótese de, por trás da muralha de feios edifícios, poder haver qualquer coisa que me pudesse - ainda que remotamente -, interessar. Preconceito? Sim.

Durante o planeamento de um passeio até Vila Franca de Xira (naquela fase em que se anda a saltar de site em site), dei de caras com uma referência à existência, em Forte da Casa, de um dos muitos exemplares das construções militares que faziam parte da Linha de Torres [Vedras], essa magnífica sucessão de fortificações que tinha como objetivo (conseguido, diga-se), suster o avanço napoleónico na terceira invasão francesa, no Séc. XIX. Imediatamente acrescentei o local à minha rota.

Na devida altura, e após algumas voltas mais fruto de alguma azelhice do que, propriamente, de más indicações, lá dei por mim em frente dos restos da "Obra nº 38" (referência do local, no sistema defensivo). Se eu fosse à procura de um forte sólido e imponente, ter-me-ia desiludido imediatamente perante a visão de poucas pedras e muita terra mas eu já sabia do estado do conjunto e, verdade seja dita, a fortificação é perfeitamente identificável, apesar da degradação causada pelo tempo. No interior (muito bem arranjado, para local de passeio e descanso), existe um "centro interpretativo", coisa que, na minha experiência, pode oscilar entre um contentor vazio e um autêntico museu. No caso, estamos mais próximos da primeira situação.

O "Centro interpretativo do Forte da Casa", é uma pequena "caixa" de cor de ferrugem cujas paredes interiores estão cobertas com informação sobre as Linhas, informação essa que recorre a gravuras da época para nos dar uma ideia de como tudo aquilo era. Um dos painéis, apresenta um salto no texto, provavelmente correspondente à omissão de, pelo menos, meia frase. Assim foi feito e assim ficou... A um canto, um grande écran tátil mostra-nos uma desenxabida página de internet com ligações para conteúdos sobre o forte e o sistema defensivo. Carreguei num dos links com a perspetiva de ver um vídeo e apareceu-me um aviso de descarregamento de ficheiro para instalação. "Quer continuar com o download?", perguntou-me o computador - deixa lá, pá, fica para outra vez. De seguida, carreguei noutro link, e o chato do computador voltou a não me fazer a vontade porque... não tinha ligação à internet. Desisti, ao perceber que não ia sacar nada daquele aparelho.
Voltei-me para o pequeno balcão sobre o qual se alinhavam algumas publicações relativas às Linhas. A funcionária presente acompanhou o meu interesse com alguma conversa na qual me esclareceu logo que não tinha nada daquilo para venda e que eu teria de ir, pelo menos, a Alverca, ao núcleo museológico local. Ou aí ou a Vila Franca de Xira... Perante o mais do que óbvio interesse das publicações (uma das quais um guia pormenorizado das rotas disponíveis, com indicações GPS para tudo - um tesouro!, digo eu), senti-me tentado a voltar atrás uns poucos quilómetros para adquirir os livros. E ainda mais o fiquei quando soube dos preços obscenamente baratos daquilo (€1 por um guia de rotas e €5 por um grande livro com a história das Linhas). Era ala para Alverca que os livros estão à minha espera! (*)



Mas, o entusiasmo pela qualidade das publicações que eu procurava comprar e pelo seu preço simbólico, não podiam ocultar uma grande pergunta: para que serve o Centro Interpretativo do Forte da Casa? A informação mostrada nas paredes é pouca (e podia perfeitamente fazer parte dos painéis existentes no exterior); a informação no computador, pelos vistos, está inacessível (e, suspeito, que seja de pouco interesse); os livros mostrados não estão para venda... Então, para que serve aquilo? Para justificar um posto de trabalho?



A preservação do nosso património edificado vive muito de um certo voluntarismo que, por vezes, nos tenta fazer crer que coisas simples como uns painéis informativos ou um arranjo paisagístico são grandes progressos em prol do Património quando, na realidade, mais não passam do que o cumprir de pequenas obrigações básicas. Outras vezes, gastam-se mundos e fundos em "grandiosos" programas que, no fim, se traduzem em frios arranjos a leste das necessidades e interesses dos visitantes. Dir-se-á que tudo isto é melhor do que nada, melhor do que o abandono puro e simples. Obviamente que sim e, só mesmo em casos extremos, fazer algo é pior do que deixar estar mas... porque razão não se podem fazer as coisas - as pequenas coisas -, bem? Se se faz um centro interpretativo, ele tem de ser uma mais valia para o visitante e não somente uma acumulação de pequenos nadas que acabam por passar uma imagem frustrante para quem lá vai.



Indicada aqui a medida do meu desconsolo, termino com nota em sentido contrário: vale bem a pena, para quem é da capital (e não só, claro), gastar algum tempo percorrendo os sites dos municípios do distrito de Lisboa em busca de informação sobre o património neles existente. É uma agradável sensação de descoberta que só pode terminar com a exclamação "Tanta coisa para ver!".



(*) Em Alverca seria recebido por uma funcionária de inexcedível simpatia que, inclusivamente, me ofereceu um interessante livro sobre a localidade. Males que vêm por bem...».

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Rota Histórica das Linhas Torres premiada pelo Turismo de Portugal


«O projecto "Rota Histórica das Linhas de Torres", apresentado pelo Município de Mafra e pelos Municípios de Arruda dos Vinhos, Loures, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, recebeu o "Prémio da Categoria Requalificação Projecto Público", no âmbito da VII Edição Prémios Turismo de Portugal 2011.
A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se no dia 26 de Junho, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa.

A distinção, atribuída pelo júri presidido pelo Professor Doutor Guilherme d'Oliveira Martins, reconhece o contributo do projecto para a qualificação do turismo nacional e para a notoriedade de Portugal como destino turístico de excelência.

Saiba mais sobre o projecto "Rota Histórica das Linhas de Torres":

Na sequência das segundas invasões francesas, o duque de Wellington, comandando as tropas britânicas, teceu uma estratégia defensiva para a defesa de Lisboa que previa a construção de três linhas de redutos (pequenos fortes) que reforçavam os obstáculos naturais entre o Tejo e o Oceano Atlântico. Este sistema defensivo constituiu um dos marcos da arquitectura e estratégia militares da História Europeia, pela sua extensão (85 km), pelo número de fortificações (152), pela conjuntura que presidiu à sua edificação (envolvendo portugueses, ingleses e outros aliados europeus) e pela eficácia bélica alcançada - pois determinou o início da derrota final das tropas napoleónicas.
 
Estes redutos estavam armados de peças de artilharia que defendiam todas as vias de acesso. O trabalho decorreu em segredo absoluto: sob o comando inglês, mais de 150.000 camponeses trabalharam na construção destas fortificações, perfazendo um total de 152 fortes.
 
O esforço deste empreendimento resultou na derrota francesa, marcando o final das guerras napoleónicas. Passados dois séculos restam os vestígios materiais destes confrontos, inseridos ora em meio urbano, ora em meio rural.
 
Terminada a sua utilidade estratégico-militar, este património cultural europeu foi-se degradando, tendo-se tornado necessária  uma intervenção de reabilitação, que permitisse o seu usufruto por parte das populações e a sua constituição, não só como um importante elemento identitário, mas também como um valioso recurso turístico, cultural e educativo, para questões tão diversas como a cidadania, a defesa do Ambiente ou a História Europeia.
 
O projecto integrado de Salvaguarda, Recuperação e Valorização das Linhas de Torres Vedras consistiu assim na recuperação da parte mais significativa de um sistema de fortificações militares de campo, construído, na sua grande parte, entre 1809 e 1810, para a defesa da cidade de Lisboa, face às invasões do exército napoleónico, durante a Guerra Peninsular (1807 - 1814).
 
Para tal, as Câmaras Municipais de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço,Torres Vedras e Vila Franca de Xira, em cuja área concelhia se situam as 1.ª e 2.ª Linhas, constituiram a Plataforma Intermunicipal para as Linhas de Torres (PILT).
 
Este projecto mereceu o financiamento por parte do EEAGrants, Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu. Começados os trabalhos em 2006,  os mesmos continuaram até Abril de 2011. Porém, à medida que os projectos específicos iam sendo terminados, estes iam sendo abertos à fruição pública.
 
Neste momento, a Rota Histórica das Linhas de Torres - no que respeita a esta primeira fase do projecto - está aberta ao público.
 
A Rota Histórica das Linhas de Torres compõe-se dos vários fortes recuperados e agrupados em Circuitos e em 6 Centros Interpretativos, cada um com uma temática própria para além do discurso comum de informação ao turista.
 
Foi também criada uma Grande Rota pedestre - a GR30 - que engloba toda a área, subdividida em percursos de extensão vária.»

Fonte: site da Câmara Municipal de Mafra, 27/06/2012 (http://www.cm-mafra.pt/turismo/noticia.asp?noticia=1913)

A RHLT no Portal de Percursos Interpretação


Sugerimos vivamente a todos os interessados na Rota Histórica das Linhas Torres, a visita do Portal de Percursos e Interpretação, do qual consta informação muito completa sobre a rota e o património que a compõe.

Informação fundamental, a não perder!

Bons passeios!